Nas
mãos, um mapa ilustrado da Bacia Hidrográfica do Rio Urussanga. Ouvidos atentos
às explicações do monitor e ao som das 251 nascentes que formam o Rio Maior.
Olhos, que ora viam a beleza da natureza na região dos vales, e ora a
destruição das áreas de mineração, nas comunidades de Santana e Rio Carvão, ou ainda,
pela extração de areia e argila, nas planícies de Morro da Fumaça e Treze de
Maio. Pés, que num momento sentiam as folhas das espécies exóticas, como o
pinus e o eucalipto que impedem o crescimento de outras espécies vegetais, e
noutro, a areia que dá forma às dunas da praia do Torneiro. Grupos de alunos
registrando informações importantes no papel e gravando um cenário
diversificado na memória. No final de agosto e início de setembro, esta
experiência fez parte de um dia na vida de aproximadamente 100 estudantes das
escolas municipais Padre Ludovico Coccolo e Jorge da Cunha Carneiro.
O
passeio de estudos é uma ação do projeto “Aprender e ensinar nas águas dos rios
do município de Criciúma”, promovido pelo Comitê da Bacia do Rio Urussanga em
parceria com a Secretaria de Educação de Criciúma. No decorrer deste ano,
formações continuadas foram realizadas com professores de Geografia e Ciências
para discutir, planejar e executar ações para conhecer os caminhos percorridos
pelas águas ao longo da bacia. O percurso começa Vale do Rio Maior, em
Urussanga, e termina na praia do Torneiro, em Jaguaruna.
O
monitor e coordenador pedagógico de Geografia, Rosemar De Nez, ilustra os
desastres ambientais da região com suas lembranças. “Quando eu tinha a idade de
vocês ia visitar minhas tias no Rio Maior. Nos fins de semana, tomávamos banho
no rio. Um adulto sempre nos acompanhava porque a preocupação era com a profundidade do
leito do rio que chegava a três metros em alguns pontos. Hoje, eu passo no mesmo
lugar, com água pela canela,a lâmina d’água não passa de trinta centímetros.
Esta mudança aconteceu em vinte anos e se continuarmos destruindo, em que
condições estará este lugar daqui a vinte anos?”, questionou De Nez.
O
ônibus parou próximo a mina de carvão que explodiu em 1984, provocando a morte
de trinta e um mineiros. Da janela, observaram a “Língua do Dragão”, um córrego
de águas alaranjadas com tom esbranquiçado oriundo da cal jogada com a
finalidade de diminuir a sua acidez.
Amália
Manoela Pereira, 14 anos, percebeu que tudo está interligado no meio ambiente e
compreendeu a importância desta bacia que abriga uma população de aproximadamente
118 mil habitantes distribuídos em dez municípios. “Cocal do Sul e Morro da
Fumaça estão totalmente inseridos bacia do Rio Urussanga. A região da Próspera,
onde moro, também faz parte desta bacia. As atividades realizadas na cabeceira,
na parte alta, comprometem as partes mais baixas,” explicou a estudante.
O
passeio é finalizado na foz do rio Urussanga que é o limite natural dos
municípios de Jaguaruna e Balneário Rincão. Os alunos são convidados a refletir
sobre os problemas ambientais causados pelo lançamento de efluentes e pelos
depósitos de sedimentos oriundos das diversas atividades econômicas
desenvolvidas na bacia hidrográfica. Orientações foram dadas para que os
conhecimentos adquiridos sejam repassados e os estudantes foram incentivados a
pensar em ações educativas no âmbito do contexto escolar e nos espaços de
vivência da comunidade.
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